Um dos principais acionistas da JBS (JBSS3), o BNDES decidiu vender parte de sua participação na gigante do setor de alimentos poucos dias antes da votação sobre a dupla listagem da companhia nos Estados Unidos — e mais vendas podem estar a caminho.
De 23 de abril a 20 de maio, o banco — por meio da BNDESPar — reduziu sua participação de 20,23% para 18,18%. Isto é, uma venda de 58.307.700 papéis no período.
Embora a JBS não tenha divulgado os valores da operação, considerando a cotação média das ações no período, estima-se que o BNDES tenha levantado cerca de R$ 2,47 bilhões com a operação.
A expectativa é que os recursos levantados com a venda das ações sejam usados para reforçar o caixa do BNDES, possibilitando novos investimentos e desembolsos.
Apesar da venda, o banco afirmou, por meio da BNDESPar, que as transações “não visam alterar o controle acionário nem a estrutura administrativa da JBS”.
Além disso, o BNDES destacou que não há acordo sobre o exercício de voto ou a compra e venda de papéis da empresa.
O que vem pela frente?
De acordo com a Reuters, apesar da venda bilionária de ações JBSS3 no último mês, o BNDES não deve interromper os planos de desinvestimento tão cedo.
A previsão é que o banco siga vendendo ações da JBS, mas sem intenção de se desvincular completamente da companhia.
A decisão do BNDES de reduzir a fatia ocorre apenas alguns dias antes da assembleia geral extraordinária (AGE) para discutir a dupla listagem das ações do frigorífico no Brasil e nos EUA.
O objetivo da JBS é ter ações listadas na bolsa de Nova York (Nyse), com BDRs listadas na bolsa brasileira (B3). Nesta matéria você pode conferir mais detalhes sobre esta movimentação, o que ela representa para a JBS e para os acionistas.
A AGE acontecerá na sexta-feira (23), mas os acionistas tinham até a última segunda-feira (19) para enviar os votos à distância.
Obstáculos à dupla listagem da JBS (JBSS3) nos EUA
Até então, o mercado avaliava que o principal obstáculo para a tão aguardada listagem nos EUA seria uma possível rejeição pelo BNDES. No entanto, um acordo entre a J&F Investimentos, controladora da JBS, e a BNDESPar retirou esse entrave.
O acordo estipulou que a BNDESPar deveria se abster de votar na assembleia para que os demais minoritários pudessem tomar a decisão final, em troca de um mecanismo de compensação gordo.
Mas, mesmo com o BNDES fora da discussão, a aprovação da operação pode não ser tão simples.
Recentemente, a consultoria ISS, especializada em voto institucional, recomendou aos acionistas votarem contra o plano, alegando que ele “prejudica grandemente os minoritários”.
A Glass Lewis também expressou preocupação, especialmente com a estrutura de governança e a criação de duas classes de ações, com a Classe B detendo poder de voto 10 vezes maior que a Classe A.
Apesar disso, a JBS defende a transação, afirmando que ela permitirá o crescimento global, maior acesso a investidores e redução de custos de capital. A empresa argumenta que a recomendação da ISS é “desalinhada” com os interesses de longo prazo dos acionistas e destaca melhorias recentes em sua governança corporativa.
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