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Até aquele momento, de ingresso na Faculdade, os alunos do Ensino Médio acreditavam que a contrapartida do positivo era exclusivamente definida por tudo o que há de negativo no mundo.
No entanto, já em uma das primeiras aulas do curso, os calouros são introduzidos a uma outra dicotomia fundamental: no que diferem as proposições positivas das normativas?
E assim, sem qualquer tipo de preparo, crianças de 18 anos ficam sabendo que esta ciência jovem e lúgubre chamada Economia nasceu de uma das costelas mais frágeis da Filosofia.
Do ponto de vista da metodologia científica, o campo positivo almeja a descrição mais objetiva possível dos fenômenos naturais ou sociais. De preferência, estritamente baseada em dados, e sem juízo de valor.
Já o campo normativo se baseia em princípios éticos e valores morais para investigar e estabelecer diretrizes sobre como as coisas deveriam ser.
Em tese, a relação entre esses dois campos é complementar, indissociável, e evolui por meio de processos dialéticos contínuos.
Na prática, porém, devemos lembrar que os veículos filosóficos são dirigidos por pessoas (ao menos, por enquanto) suscetíveis a variados tipos de viés, de modo que o “ser” pode ser tranquilamente confundido com o “vir a ser”, e vice-versa.
O paradoxo da Selic
Isso talvez explique o aparente paradoxo positivo-normativo que permeia a iminente decisão do Copom desta quarta-feira.
Em seu último encontro, no início de maio, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa básica de juros em 50 bps e deixou mais tangível a perspectiva de um fim de ciclo, inclusive com Selic terminal em 14,75%.
Desde então, o dólar cedeu quase -5% frente ao real, as leituras de inflação de curto prazo trouxeram boas notícias, e o IPCA projetado no Focus para 2025YE caiu de 5,53% para 5,25%.
Ceteris paribus, o que era de se esperar em termos puramente técnicos?
Ora, que a hipótese de Selic terminal em 14,75% fosse da neutralidade à maioridade.
E o que aconteceu, na prática?
Incrivelmente, vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!).
E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual?
E qual deveria ser?
Bem, depende de que tipo de equilíbrio estamos falando, e do quanto as expectativas são mais ou menos equilibradas por um bom fingir da realidade.
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