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Copel (CPLE6) rumo ao Novo Mercado da B3: tudo o que os acionistas precisam saber sobre os dividendos e o que fazer com as ações agora

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Após anos de planejamento, os ambiciosos planos de Daniel Slaviero para levar a Copel (CPLE6) ao Novo Mercado da B3 estão prestes a se concretizar.

Na última segunda-feira (23), o conselho de administração da elétrica aprovou, por unanimidade, o início do processo de migração para o segmento de governança corporativa mais exigente da bolsa brasileira.

Essa migração já era um desejo antigo da gestão da companhia paranaense. Segundo o CEO, a listagem no Novo Mercado não apenas aumentaria a liquidez das ações, mas também ajudaria a ampliar a base de investidores estrangeiros da empresa.

Vale destacar que o Novo Mercado foi criado para elevar os padrões de governança corporativa das empresas listadas na B3, buscando diminuir a disparidade entre os direitos dos acionistas controladores e dos minoritários.

O segmento requer uma série de regras para as companhias, como a exigência de que o capital das empresas seja formado apenas por ações ordinárias (ON), que dão direito a voto nas assembleias. 

Dessa forma, se a migração for aprovada, todas as ações preferenciais da Copel (CPLE5 e CPLE6) serão convertidas em ações ordinárias.

EM MEIO À RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Segundo a Copel, com a migração para o Novo Mercado, os acionistas da companhia terão seus papéis convertidos de forma estratégica, sem que nenhum deles seja diluído no processo.

A conversão será realizada da seguinte maneira: 

  • 1 ação ordinária + 1 ação preferencial classe C, que será criada no processo de migração, com valor de resgate de R$ 0,7749.

Assim, todos os acionistas de ações PN receberão uma ação ON mais R$ 0,7749 por ação PN

Essa mudança representa um prêmio de 6,7% sobre o preço de fechamento das ações na última segunda-feira.

Além disso, a proposta prevê ainda a reorganização do capital social da companhia, que passará a ser representado exclusivamente por ações ordinárias e por uma golden share preferencial de titularidade do Estado do Paraná.

Hoje, o Estado do Paraná detém 15,9% do capital total da Copel, com maior participação nas ações ordinárias (27,6% da CPLE3 e 6,9% da CPLE6). 

Já a BNDESPar, com 22% do capital total da empresa, tem maior exposição às ações preferenciais (10,1% de CPLE3 e 31,2% de CPLE6).

A participação em circulação no mercado (free float) é bem equilibrada entre as ações ordinárias e preferenciais, com 62,1% e 61,8%, respectivamente. 

Após a migração para o Novo Mercado, a estrutura acionária final deixará o Estado do Paraná com cerca de 15,9% das ações ordinárias, e a BNDESPar com cerca de 22%.

Contudo, é importante destacar que a migração e os termos da conversão ainda precisam ser aprovados pelos acionistas e credores da Copel. 

Para isso, a empresa convocou uma assembleia geral extraordinária (AGE) para o dia 4 de agosto, onde a proposta será discutida.

A empresa espera concluir a migração para o Novo Mercado até o final de 2025.

Os benefícios da migração da Copel (CPLE6) para o Novo Mercado

A migração da Copel para o Novo Mercado tem gerado expectativas positivas entre os analistas.

Na leitura do BTG Pactual, a proposta da Copel é “vantajosa para todos”. Segundo o banco, esse passo é mais um marco significativo no processo de privatização da companhia e deve beneficiar todos os acionistas.

Para os acionistas de ações preferenciais (PN), a conversão para ações ordinárias (ON) garante agora o direito de voto, enquanto os acionistas de ON terão o benefício de dividendos mais altos por ação.

O Itaú BBA compartilha dessa visão positiva, ressaltando que a migração para o Novo Mercado não só melhora a governança corporativa da Copel, mas também eleva a atração da empresa para investidores de longo prazo, especialmente os internacionais.

O Goldman Sachs também enxerga a mudança como uma jogada estratégica benéfica, destacando que o movimento fortalece a governança corporativa e simplifica a estrutura da empresa. 

Para o banco, essa reestruturação será um atrativo a mais para os investidores e terá impacto direto na valorização das ações.

Além dos ganhos de governança e liquidez, a migração também pode facilitar uma futura renegociação de covenants com os detentores de títulos de dívida da companhia, o que, segundo os analistas, pode resultar em dividendos mais elevados no médio e longo prazo. 

Esses dividendos mais altos, aliás, são vistos como um dos principais catalisadores para a valorização das ações da Copel nos próximos anos.

De olho nos dividendos

A XP Investimentos destaca que a mudança da Copel para o Novo Mercado elimina a obrigação de pagamento de dividendos diferenciados entre as classes de acionistas e garante direitos de voto para todos os investidores. 

Já o Itaú BBA afirma que a “estrutura bem elaborada” da migração permite que a empresa realize uma transação que não dilui a participação dos acionistas, ao mesmo tempo em que resolve a questão do prêmio de dividendos, permitindo um ajuste mais justo entre os diferentes tipos de ações da empresa.

Atualmente, o estatuto da Copel garante um pagamento de dividendos 10% superior para as ações preferenciais A (CPLE5) e B (CPLE6) em comparação com as ações ordinárias (CPLE3). 

Nos últimos anos, a administração da empresa já sinalizava que, com a migração, proporia algo entre a eliminação desse prêmio ou a manutenção de até 10% sobre os dividendos. E foi exatamente isso que foi proposto pela companhia.

Com a migração, a proposta da Copel prevê o pagamento de R$ 0,7749 por ação preferencial, o que representaria um resgate de cerca de R$ 1,3 bilhão para os acionistas preferenciais, valor que pode ser considerado como um “dividendo extraordinário“. 

Essa movimentação levaria a um aumento de cerca de 0,2 vezes na relação dívida líquida/Ebitda da Copel, o que resultaria em dividendos menores para os acionistas ordinários em comparação aos preferenciais já em 2025, segundo o Goldman Sachs.

Considerando esses pagamentos como dividendos extraordinários, os analistas estimam que os acionistas das ações ordinárias terão um dividend yield de aproximadamente 7,5% em 2025, enquanto os acionistas preferenciais teriam um rendimento de 13,8% com os proventos.

Apesar desse potencial impacto, os diretores da Copel garantem que a migração não afetará a política de dividendos da empresa, que estabelece um payout mínimo de 75% e um prazo de 24 meses para atingir a meta de alavancagem de 2,8 vezes.

O Itaú BBA acredita que, com a recente política de dividendos da Copel e a otimização de sua estrutura de capital, a empresa ainda terá espaço para manter um dividend yield entre 8% e 9% neste ano.

Com a iminente migração para o Novo Mercado, a recomendação que ganha força entre os analistas é clara: compre ações da Copel.

O Goldman Sachs não apenas manteve sua recomendação de compra para as ações da empresa paranaense, como também a elegeu como uma das favoritas no setor de Utilities, ao lado de Sabesp e Equatorial. 

Para o banco, a Copel oferece uma “combinação única” de dividendos crescentes no curto prazo e um valuation atrativo, com uma taxa interna de retorno (TIR) real de 10%.

Além disso, a XP segue com recomendação de compra para as ações da Copel, fixando o preço-alvo em R$ 13,80 por ação.

Já o BTG também manteve recomendação de compra para as ações CPLE6, com um preço-alvo de R$ 15,00 para os próximos 12 meses.

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