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A trégua na guerra comercial de Donald Trump nem acabou e o presidente norte-americano voltou a aumentar o tom em relação ao tarifaço. Desta vez, o alvo foi o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Os líderes do bloco econômico estiveram em reunião no Rio de Janeiro neste domingo (6) e divulgaram uma declaração em defesa do multilateralismo.
Apesar de não citar as políticas tarifárias de Trump, o documento alerta contra “medidas protecionistas unilaterais injustificadas, incluindo o aumento indiscriminado de tarifas recíprocas”.
Após a publicação do documento, o republicano usou sua rede social Truth Social para ameaçar os países que se alinharem ao Brics com uma tarifa adicional de 10%.
“Qualquer país que se alinhar com as políticas antiamericanas dos BRICS pagará uma TARIFA ADICIONAL de 10%. Não haverá exceções a essa política”, escreveu Trump.
Brics pelo multilateralismo: o que foi declarado no documento
Neste fim de semana, o Rio de Janeiro foi sede da cúpula dos Brics, termo criado pelo Goldman Sachs há duas décadas para descrever o crescente poder econômico de países emergentes e que representa 45% da população mundial.
Atualmente, o bloco é composto ainda por mais seis países membros e 10 países parceiros.
Apenas os cinco principais membros do Brics respondem por mais de US$ 28 trilhões em Produto Interno Bruto nominal em termos de dólares, enquanto o Grupo dos Sete responde por mais de US$ 51 trilhões, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Em uma declaração oficial do encontro, ministros de finanças e os presidentes dos Bancos Centrais do Brics mandaram um recado claro contra as políticas tarifárias do governo Trump. E a indireta foi extensa.
“Reiteramos nosso apoio a um sistema multilateral de comércio baseado em regras, aberto, transparente, justo, inclusivo, equitativo, não discriminatório e consensual, com a OMC em seu núcleo, com tratamento especial e diferenciado (TED) para seus membros em desenvolvimento”, destacou a declaração do Brics.
Além disso, no documento, os líderes do bloco defenderam o multilateralismo.
“Os membros do BRICS demonstraram resiliência e continuarão a cooperar entre si e com outros países para salvaguardar e fortalecer o sistema multilateral de comércio não discriminatório, aberto, justo, inclusivo, equitativo, transparente e baseado em regras, tendo a OMC como seu núcleo, evitando guerras comerciais que possam mergulhar a economia global em recessão ou prolongar ainda mais o crescimento contido”, diz o trecho do documento sobre o tema.
Em discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também mandou um recado para Trump. O petista afirmou que o mundo passa por um “colapso sem precedentes” do sistema multilateral, e que o bloco é, hoje, o grupo que tem de trabalhar pela sua atualização.
“O Brics é herdeiro do Movimento Não-Alinhado. Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque. Avanços arduamente conquistados, como os regimes de clima e comércio, estão ameaçados”.
Mesmo sem participar do evento presencialmente, Vladimir Putin, presidente da Rússia, discursou por vídeo, afirmando que os mercados emergentes deveriam aumentar o uso de suas moedas nacionais para o comércio.
“Tudo indica que o modelo de globalização liberal está se tornando obsoleto. O centro da atividade empresarial está se deslocando para os mercados emergentes”, disse.
A ira de Trump contra o bloco
A fala de Putin pode adicionar gasolina no incêndio. Isso porque essa não é a primeira vez que o Brics entra na mira do presidente norte-americano por conta do uso de moedas alternativas pelo bloco.
Nos últimos anos, o Brics passaram a estudar meios de contornar o dólar em suas transações comerciais e colocaram em pauta a possível criação de uma unidade monetária comum.
Em janeiro, Trump ameaçou os países com uma tarifa de 100% se insistirem em não utilizar a moeda norte-americana.
“A ideia de que os países do Brics vão se afastar do dólar enquanto olhamos de braços cruzados acabou”, escreveu Trump na época. O Seu Dinheiro contou essa história aqui.
*Com informações da Agência Brasil, MoneyTimes e CNBC.
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