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O prazo final era quarta-feira (9), mas nada como arrumar a casa logo no início da semana. As atenções desta segunda-feira (7) se voltaram às tarifas comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e às cartas que oficializaram o novo ultimato norte-americano.
Logo no primeiro dia útil da semana, 14 países receberam notificações formais informando a elevação das tarifas gerais de importação a partir de 1º de agosto.
Os comunicados foram divulgados pelo próprio Trump no Truth Social, com imagens das cartas supostamente enviadas diretamente aos chefes de Estado. No início da tarde, Japão e Coreia do Sul foram oficialmente informados sobre a tarifa de 25% aplicada às suas exportações.
Entre os destaques da nova rodada, aparecem África do Sul e Indonésia, membros plenos do Brics (grupo de países em desenvolvimento liderados por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com as tarifas de 30% e 32% respectivamente, os mesmos patamares divulgados anteriormente, no tarifaço do 2 de abril.
As cartas, todas assinadas por Trump, afirmam que os EUA “talvez” considerem ajustar os novos níveis tarifários “dependendo de nosso relacionamento com seu país”.
De acordo com a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, mais de uma dezena de cartas seriam expedidas nesta segunda-feira, com outras previstas até quarta.
Ela também adiantou que Trump deve assinar uma ordem executiva prorrogando o prazo final das tarifas, originalmente marcado para 9 de julho, para 1º de agosto.
Veja abaixo a lista com as novas tarifas anunciadas:
País | Nova Tarifa | Tarifa – 2 de abril | Variação |
---|---|---|---|
Laos | 40% | 48% | ↓ 8 p.p. |
Mianmar | 40% | 44% | ↓ 4 p.p. |
Camboja | 36% | 49% | ↓ 13 p.p. |
Tailândia | 36% | 36% | — (sem alteração) |
Bangladesh | 35% | 37% | ↓ 2 p.p. |
Sérvia | 35% | 37% | ↓ 2 p.p. |
Indonésia | 32% | 32% | — (sem alteração) |
Bósnia | 30% | 35% | ↓ 5 p.p. |
África do Sul | 30% | 30% | — (sem alteração) |
Japão | 25% | 24% | ↑ 1 p.p. |
Coreia do Sul | 25% | 25% | — (sem alteração) |
Tunísia | 25% | 28% | ↓ 3 p.p. |
Malásia | 25% | 24% | ↑ 1 p.p. |
Cazaquistão | 25% | 27% | ↓ 2 p.p. |
O perigo está nos detalhes
Para a maioria dos países listados, os novos percentuais acompanham de perto os valores anunciados por Trump em 2 de abril, no que ele chamou de “dia da libertação” das tarifas. Na ocasião, as importações vindas do Japão e da Coreia do Sul foram taxadas em 24% e 25%, respectivamente.
Todas as cartas reforçam que essas tarifas gerais são separadas de outras tarifas adicionais específicas por setor ou produto.
E vão além,alertam que “bens transbordados para evitar uma tarifa mais alta estarão sujeitos a essa tarifa mais alta”. O termo “transbordo” se refere à prática de enviar mercadorias para um país intermediário antes do destino final nos EUA, como forma de driblar as alíquotas.
As cartas padronizadas também justificam as medidas com base nos déficits comerciais persistentes dos EUA com essas nações. E já antecipam qualquer reação, “se por qualquer motivo vocês decidirem aumentar suas tarifas, então, qualquer que seja o número escolhido para esse aumento, será adicionado aos 25% que cobramos”, afirmam os documentos.
Mas também há uma porta entreaberta para negociação. Segundo os documentos, “essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do nosso relacionamento com seu país. Vocês nunca se decepcionarão com os Estados Unidos.”
Desde abril, Trump afirma que poderia fechar até 90 acordos comerciais em 90 dias. No entanto, com o fim da trégua se aproximando, o governo norte-americano anunciou até agora apenas acordos amplos com o Reino Unido e o Vietnã, além de um esboço com a China.
Sobre o Vietnã, Trump declarou que o acordo prevê uma tarifa de 20% sobre suas exportações para os EUA e uma tarifa de 40% sobre transbordo. Em contrapartida, os produtos americanos terão isenção tarifária no mercado vietnamita.
Trump e a ameaça aos Brics
Enquanto líderes do Brics se reuniam no Rio de Janeiro, Trump mirou diretamente no bloco e ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país do grupo que adote políticas “antiamericanas”.
Nesta segunda-feira, Brasil, China, Rússia e África do Sul reagiram à nova ofensiva comercial dos Estados Unidos. Os quatro membros do Brics criticaram publicamente a ameaça de uma tarifa adicional.
“E essa cooperação dentro do Brics nunca foi e nunca será direcionada contra terceiros países”, afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.
Por enquanto nenhuma medida concreta quanto a tarifa adicional aos Brics foi adotada pelos EUA.
*Com informações da CNBC e Reuters
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