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O verão na Europa começou há poucos dias, mas já está sendo considerado um dos mais quentes da história, com temperaturas chegando aos 46 ºC em países como Espanha e Portugal, e termômetros beirando os 40 ºC em quase toda a França, incluindo a capital, Paris.
A cidade, que possui um dos afluentes mais conhecidos do mundo, o famoso rio Sena, está finalmente cumprindo uma promessa que se arrastou por um século: tornar novamente um de seus cartões postais mais conhecidos em um lugar próprio para nadar.
Apesar da desconfiança por parte dos franceses, as autoridades de Paris afirmam que as “praias artificiais”, como definem, que serão inauguradas entre julho e agosto serão limpas e seguras. A qualidade da água, garantem, passará por testes diários, mesmo procedimento que é realizado nas praias mais famosas da França, como em St Tropez e Biarritz.
A Cidade Luz, que nunca saiu do posto de queridinha dos viajantes, promete agora ter mais um motivo para atrair turistas durante o verão. A liberação de banhistas no Sena atende, também, aos anseios dos parisienses, que sempre cobraram pela despoluição do rio que atravessa a cidade de ponta a ponta.

Como vão funcionar as praias?
Em Paris, o rio Sena percorre cerca de 13 quilômetros. No entanto, não é toda sua extensão que já está pronta para receber banhistas. Nesse verão, por exemplo, a prefeitura abrirá três locais para práticas aquáticas. Mas a promessa é expandir o número ano a ano, criando outras áreas naturais para nadar, relaxar e socializar – tudo gratuitamente, seja morador ou turista.
A maior praia artificial ficará em Bercy, em frente a Biblioteca Nacional da França. Com capacidade para receber 700 pessoas simultaneamente, o local vai funcionar das 11h às 21h, todos os dias da semana. O espaço abrigará duas áreas de banho delimitadas por proteção lateral, como se fossem grandes piscinas, para isolar os banhistas da circulação de barcos. Essas duas piscinas terão 35 x 12,5 m2 e 67 x 11 m².
Se a ideia é nadar com a vista mais famosa da cidade, existirá outra opção. Recebendo até 200 pessoas por vez, outra praia chega a poucos passos da Torre Eiffel. Por lá, uma área de natação terá 60 x 20 m² e funcionamento diário até às 17h30.
No mesmo horário de funcionamento, outro espaço funcionará na Île Saint-Louis, uma ilha no meio do rio Sena que reduto conhecido de ricaços. A zona servirá 150 pessoas, com uma área de natação de 70 x 20 m². Todas as praias artificiais terão estrutura para além da água, incluindo vestiários, armários e espreguiçadeiras de descanso, além de posto de salva vidas e atendimento médico. A estrutura abrirá todos os anos, somente durante o verão.

Proibição secular e legado Olímpico
A última vez que o rio Sena recebeu banhistas foi em 1923. Naquele ano, Paris sediou os Jogos Olímpicos e competições como natação e provas de remo aconteceram no afluente. No entanto, depois disso, proibiu-se o nado nas águas do Sena. Isso devido ao aumento nos níveis de poluição, que incluía a presença de vários tipos de bactérias, principalmente provenientes das redes de esgoto da cidade.
A situação era tão grave que nos anos 1960 o Sena chegou a ser considerado um rio morto. Ou seja, com baixíssimos níveis de oxigênio que impedia a presença de peixes. Desde aquela época, todos os prefeitos que passaram pelo poder se comprometeram a despoluir o afluente, mas a missão herculana se arrastou por décadas.
O plano bilionário de despoluição viria com a escolha de Paris como sede das Olimpíadas do ano passado. Desde 2017, a cidade declarou guerra à poluição de suas águas, e jurou de pé junto que o grande legado olímpico seria um rio limpo e aberto a todos, incluindo os que topam nadar.

Como Paris limpou o rio Sena?
Paris precisou traçar um plano de guerra para despoluir o rio. Até o momento, o projeto que custou 1,4 bilhão de euros (cerca de R$ 9 bilhões).
Grande parte do investimento ocorreu em obras públicas grandiosas, como a construção de um dos maiores reservatórios de águas pluviais subterrâneo do mundo, por exemplo. O Austerlitz custou 90 milhões de euros e acomoda até 50 milhões de litros de água da chuva que antes ia parar no Sena sem tratamento.
O outro foco é a adaptação de suas redes de esgoto para finalmente impedir o despejo de qualquer resíduo no Sena. A cidade construiu novas estações de tratamento, tanto em Paris como nas periferias. Finalmente, os barcos foram proibidos de descartar qualquer tipo de rejeito nas águas, sob pena de multa.
Com essas medidas, a cidade afirma que a limpeza do rio Sena foi bem sucedida. Assim, Paris finalmente se junta a outras grandes cidades europeias, como Zurique, na Suíça, e Copenhague, na Dinamarca, por exemplo, que conseguiram resgatar seus afluentes e abri-los para o público.
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