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Você está sem internet. Mas se o Bluetooth do celular estiver ligado, ainda dá para mandar aquela mensagem.
Parece mágica, mas já existe. É o BitChat, novo aplicativo de mensagens desenvolvido pela equipe da TBD, divisão da Block. A empresa é liderada por Jack Dorsey, fundador do Twitter (atualmente chamado de X), e é voltada à construção de tecnologias descentralizadas.
Segundo informações do site norte-americano Engadget, diferente dos mensageiros tradicionais — como o Whatsapp —, o BitChat não depende de rede móvel, internet nem Wi-Fi convencional. O app permite a troca de mensagens entre dispositivos próximos por meio de Bluetooth mesh, uma tecnologia que cria uma rede ponto a ponto entre celulares e dispensa servidores, roteadores ou operadoras.
Essa arquitetura permite que a mensagem “salte” entre dispositivos conectados até chegar ao destino, mesmo que o aparelho do destinatário esteja fora de alcance no momento. Essa solução é conhecida como store-and-forward.
Além disso, toda a comunicação é criptografada de ponta a ponta, e as mensagens são armazenadas de forma temporária nos aparelhos, o que reforça o apelo do BitChat para quem busca privacidade e resistência à vigilância.
Quando a rede é você
O BitChat ainda está em fase experimental e tem limitações claras: só funciona entre aparelhos Android próximos fisicamente e com o Bluetooth ativado. No entanto, o suporte a Wi-Fi Direct está previsto para versões futuras e deve ampliar o alcance da ferramenta.
Apesar das restrições, o projeto mira em cenários específicos, como quedas de energia, áreas remotas ou ambientes com censura digital.
Isso porque, como destaca o site Quartz, o app não exige número de telefone, conta ou conexão com a nuvem, e pode ser usado de forma anônima mesmo sob vigilância ou bloqueios governamentais.
A expectativa, segundo a TBD, é que redes descentralizadas como essa ganhem escala com o tempo, conectando usuários em malha até cobrir regiões maiores. E tudo isso sem depender de infraestrutura tradicional.
Dorsey dobra a aposta na descentralização
O novo aplicativo faz parte de uma estratégia mais ampla de Jack Dorsey para fomentar tecnologias abertas e resistentes à censura. Desde que deixou o comando do Twitter, em 2021, o executivo tem concentrado seus esforços na Block (antiga Square) e em iniciativas voltadas à autonomia digital.
Entre os projetos da empresa estão:
- Bitkey, uma carteira física para guardar bitcoin com segurança;
- TBD, plataforma para construção de protocolos financeiros abertos, sem intermediários;
- Bluesky, rede social descentralizada que surgiu como alternativa ao próprio Twitter.
Todos compartilham a mesma missão. A ideia é tirar o controle das mãos das big techs e colocá-lo nas mãos do usuário, seja para conversar, transacionar ou simplesmente existir online sem monitoramento ou dependência de grandes servidores.
O que vem pela frente
Por enquanto, o BitChat está disponível apenas em versão de testes. Usuários com dispositivos Android podem baixar o app por meio da plataforma para desenvolvedores GitHub, o que reforça o compromisso com o código aberto e a participação da comunidade de desenvolvedores.
Ainda não há versão para iOS nem previsão de lançamento nas lojas oficiais. Porém, a Block acredita que, com ajuda de programadores independentes, o BitChat possa evoluir e se tornar uma alternativa sólida aos mensageiros convencionais.
O que podemos concluir com mais esse capítulo da história de Jack Dorsey? Ele não quer apenas lançar mais um aplicativo.
Seu foco parece ser garantir que a comunicação continue existindo mesmo quando a internet falha ou quando alguém tenta desligá-la.
Se o BitChat vai virar tendência, ainda não dá para saber.
Mas, num mundo onde tudo é rastreável e cada clique passa por filtros invisíveis, a proposta do app soa como um sopro de liberdade – e um lembrete de que é possível se conectar sem ser observado o tempo todo.
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