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Demissão em massa atinge 2.000 na Raízen: sindicato reage e conquista plano de saúde, abono e seguro para funcionários

Mais de 2.000 trabalhadores foram impactados por uma das maiores dispensas do setor sucroalcooleiro em Sertãozinho; acordo sindical assegurou benefícios essenciais após o anúncio da paralisação das atividades da unidade.

Uma das maiores demissões coletivas do setor sucroalcooleiro do interior paulista marcou a semana em Sertãozinho, cidade tradicionalmente reconhecida pela produção de cana-de-açúcar e derivados.

Na quarta-feira (16), o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar, da Alimentação e Afins de Sertãozinho e Região confirmou um acordo inédito com a Raízen, após a dispensa de aproximadamente 2.000 trabalhadores ligados à Usina Santa Elisa.

A empresa havia anunciado, um dia antes, a suspensão por tempo indeterminado das atividades da unidade, localizada em Sertãozinho, interior de São Paulo.

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O entendimento, formalizado após intensas negociações entre a entidade sindical e representantes da Raízen, garantiu a esses funcionários a manutenção temporária de benefícios fundamentais, além do pagamento de verbas rescisórias e abonos.

Entre as principais conquistas, destaca-se a prorrogação do plano de saúde e do plano odontológico por cinco meses, sem custo adicional para os titulares e dependentes, bem como a manutenção do seguro de vida em grupo pelo mesmo período.

O sindicato, que representa aproximadamente 60% do contingente atingido, destacou que o pacote de medidas foi essencial para minimizar os impactos sociais e financeiros decorrentes da demissão em massa Raízen.

Impactos regionais e consequências sociais

O encerramento das operações da Usina Santa Elisa não se limitou a Sertãozinho.

Os reflexos se estenderam também a cidades vizinhas como Pontal, Barrinha e Pitangueiras, localizadas na mesma região administrativa.

Trabalhadores dessas localidades, muitos dos quais atuavam há décadas no polo sucroenergético, foram diretamente afetados pela paralisação da unidade e pela consequente dispensa coletiva Raízen.

Conforme dados divulgados pelo sindicato, parte significativa desses profissionais mantinha vínculos de longa data com a empresa, o que amplia as preocupações em relação à reinserção no mercado de trabalho local.

Assim como publicou o CPG, o anúncio oficial da suspensão das atividades ocorreu na terça-feira (15).

Na ocasião, a Raízen comunicou que a medida faz parte de um processo de reestruturação voltado ao equilíbrio financeiro da companhia, que atualmente figura entre as maiores produtoras e distribuidoras de energia renovável do Brasil.

Demissão em massa na Raízen impacta 2.000 em Sertãozinho. Sindicato garante benefícios como plano de saúde e seguro após fechamento da usina.
Demissão em massa na Raízen impacta 2.000 em Sertãozinho. Sindicato garante benefícios como plano de saúde e seguro após fechamento da usina.

Venda de ativos e plano financeiro

Outro ponto central do acordo envolveu a destinação dos recursos provenientes da venda de aproximadamente 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

A operação, avaliada em cerca de R$ 1 bilhão, foi realizada como estratégia para reduzir as dívidas acumuladas pela Raízen nos últimos anos.

Segundo fontes do setor, o valor obtido será integralmente utilizado para quitar passivos financeiros, dentro de um plano de reestruturação nacional da companhia.

A Raízen, que atua em toda a cadeia produtiva do setor de açúcar e álcool, reforçou em nota que a decisão de encerrar temporariamente as atividades da usina buscou assegurar a sustentabilidade do grupo a longo prazo.

Entretanto, especialistas em economia regional e representantes do poder público local avaliam que a medida representa um desafio relevante para a economia de Sertãozinho e das cidades do entorno, que possuem forte dependência da cadeia sucroalcooleira para geração de empregos e renda.

Negociação sindical e garantia de direitos

O processo de negociação entre o sindicato e a empresa foi conduzido sob forte mobilização dos trabalhadores.

Reuniões diárias, assembleias e atos públicos marcaram os dias que antecederam o fechamento do acordo.

Entre os itens debatidos estavam a extensão de benefícios assistenciais, o pagamento integral das verbas rescisórias previstas pela legislação trabalhista brasileira, além de abonos extras como forma de compensação pelo desligamento coletivo.

No âmbito da assistência, a prorrogação do plano de saúde e do plano odontológico foi vista como conquista relevante diante da situação de vulnerabilidade dos ex-funcionários e de seus familiares.

O seguro de vida em grupo, mantido pelo mesmo prazo, também foi destacado pelo sindicato como uma das principais garantias obtidas no acordo.

Efeitos para a economia e o setor

A demissão em massa promovida pela Raízen ocorre em um momento de intensificação dos desafios para o setor sucroenergético nacional.

Apesar da recuperação parcial dos preços do açúcar e do etanol nos últimos anos, a competitividade internacional, aliada à modernização de processos e à busca por maior eficiência operacional, tem levado diversas empresas a adotarem medidas similares.

Em Sertãozinho, cidade com aproximadamente 125 mil habitantes, o fechamento da unidade representa perda significativa para o mercado de trabalho e para a arrecadação local.

Segundo especialistas, a cadeia do agronegócio da cana-de-açúcar responde por grande parte da economia de Sertãozinho, movimentando setores como transporte, comércio, serviços e agricultura familiar.

O impacto das demissões tende a afetar não apenas os ex-funcionários, mas toda a dinâmica socioeconômica da região.

Perspectivas para os trabalhadores

Com o acordo firmado entre sindicato e Raízen, a expectativa é de que as medidas emergenciais reduzam parte dos impactos imediatos, especialmente para quem dependia exclusivamente do emprego na Usina Santa Elisa.

Entretanto, entidades representativas e especialistas apontam que a recolocação profissional desses trabalhadores deve ser acompanhada de perto por órgãos públicos, setor privado e iniciativas de qualificação e apoio social.

Em meio à repercussão nacional sobre o tema, o episódio reacende o debate em torno das responsabilidades sociais das grandes empresas do agronegócio, bem como da necessidade de políticas públicas para geração de emprego e renda em regiões altamente dependentes de atividades monocultoras.

Diante deste cenário, qual seria a melhor estratégia para garantir a proteção dos trabalhadores em setores sujeitos a reestruturações econômicas bruscas?

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