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As nove ações para comprar em busca de dividendos no segundo semestre — e o novo normal da Petrobras (PETR4). Veja onde investir

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Uma renda extra pingando na conta com recorrência enquanto você está na praia com os pés para cima e uma caipirinha trincando. Esse é o sonho da maioria (quiçá de todos) os investidores. Por isso, as ações pagadoras de dividendos estão entre os investimentos queridinhos do brasileiro.

Afinal, se você encontrar os papéis certos, tem chance de transformar esse desejo em realidade. E o início do segundo semestre é o momento perfeito para recalibrar a carteira em busca de proventos cada vez mais gordos.

Por isso, o evento Onde Investir no Segundo Semestre de 2025 dedicou um painel completo com recomendações de vacas leiteiras para investir até o final deste ano. Os convidados são Bruno Henriques, analista sênior do BTG Pactual, e Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Entre os nomes recomendados estão clássicos como Itaú (ITUB4), mas os analistas também listam outras empresas que não costumam estar no radar dos investidores quando o assunto é a distribuição de proventos. 

O painel também trata do “novo normal” da Petrobras (PETR4), que apesar de ainda ser uma vaca leiteira, não deve pagar dividendos extraordinários aos acionistas até o final do ano.

“Se o investidor estava acostumado a 20% ou 30% de yield com as ações, pode esquecer. Mas se um rendimento de até 10% te satisfaz e você tem uma carteira diversificada, pode fazer sentido”, diz Hungria.

Além disso, os analistas comentam os efeitos do impacto dos juros altos sobre as pagadoras de dividendos. Confira a partir de agora as recomendações em detalhes. 

Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2025. Eis a lista completa:

Cenário macroeconômico;

Ações;

Renda fixa;

Dividendos (você está aqui);

Criptomoedas;

Fundos imobiliários;

Investimentos internacionais;

Alocação.

As ações mais indicadas para buscar dividendos — e uma delas não é óbvia

Os dois analistas recomendam uma série de ações para comprar em busca de proventos e comentam a tese por trás da maioria delas. 

Começando com o nome ‘coringa’ na visão dos analistas: Itaú (ITUB4). Na visão da dupla, esse é um nome resiliente às variações do cenário macro e funciona como uma ação “à prova de qualquer cenário”.

Sobre a Direcional (DIRR3), a recomendação vem graças ao bom momento que a companhia vive, surfando o rali das construtoras populares diante da fase positiva do Minha Casa Minha Vida, com a criação recente da Faixa 4, que engloba famílias com renda mensal de até R$ 12 mil.

“É um nome que a gente gosta muito. Esse ano já pagou 8% de yield e deve pagar mais 5%”, diz Hungria.

No segmento da habitação popular, a Caixa Seguridade (CXSE3) também aparece na lista. A tese de investimentos se baseia no fato de que a companhia é uma pagadora de dividendos, com fluxo de caixa bastante previsível. “É um duration muito longo porque boa parte do modelo de negócio está ancorado no crédito habitacional”, diz Henriques.

Outra ação recomendada para quem busca dividendos no segundo semestre é a Marcopolo (POMO4), que apesar de não ser um destaque para os analistas é um papel para se ter no radar, principalmente olhando para a dinâmica operacional da companhia.

“Existe a capacidade de a empresa gerar resultados mais relevantes no segundo semestre, podendo trazer o pagamento de um dividendo interessante nesse até o final do ano”, aponta Henriques.

As recomendações pensando no longo prazo

Eletrobras (ELET3) e Copel (CPLE6) são recomendações mais para o longo prazo. No caso da primeira, a expectativa é que a geração de caixa ainda fique mais pressionada neste ano, visto que os gastos seguem elevados. No entanto, esse jogo deve virar a partir do ano que vem. 

“Acredito que a partir de 2026, a Eletrobras conseguirá distribuir um nível de dividendos bastante interessantes ali, se aproximando dos 10% de yield”, diz Hungria.

Sobre Copel, Henriques explica que não seria uma recomendação tão evidente há alguns anos, mas as coisas mudaram. 

“A empresa entregou um processo de restauração e também otimizou a estrutura de capital. A gente vislumbra um aumento de dividend yield ao longo do tempo. Pensamos que pode chegar aos 10% até 2028”, afirma. 

A Gerdau (GGBR4) é outra aposta para um prazo mais longo. Para Hungria, é uma empresa que já está precificando um otimismo e que deve sentir uma certa pressão na geração de caixa neste ano. 

“Mas é um nome que está negociando por menos de quatro vezes o valor da firma sobre Ebitda [EV/Ebitda] e que deve ter um segundo semestre potencialmente muito melhor do que o primeiro”, diz. 

Isso porque a companhia tem sido apontada como uma das beneficiadas pelo tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump. Esse movimento compensa, na visão de Hungria, o ambiente de preços um pouco mais fracos no Brasil.

“A empresa tem um dividend yield na casa dos 5%, mas com alguns gatilhos que podem favorecer os papéis. Além da questão tarifária nos EUA, há uma possível redução do capex [investimentos] no radar durante o ano. Alguns investimentos pesados que a companhia fez no passado estão começando a dar frutos”, afirma. 

O analista da Empiricus reforça que não se trata de um nome óbvio, mas que pode trazer retornos interessantes ao acionista.

A SLC Agrícola (SLCE3) também entra nessa visão de um horizonte mais longo. Henriques explica que a companhia expandiu bastante as terras, então está contratando uma geração de caixa mais substancial para o futuro. 

“O playbook de commodities é cíclico: vem a baixa, mas depois volta. Com a compra de terrenos, a empresa acaba adquirindo um poder de geração de caixa e, provavelmente, um maior poder de pagamento de dividendos ou recompra”, projeta Henriques.

Sobre Prio (PRIO3), o racional é parecido: “hoje está mais alavancada, adquiriu o Campo de Peregrino. Mas, lá na frente, em um cenário sem novas fusões e aquisições, é totalmente plausível que essa empresa realmente se torne uma grande geradora de caixa”, explica Henriques. 

Sobre a Petrobras (PETR4), o buraco é mais embaixo.

O novo normal na Petrobras (PETR4)

Sobre a possibilidade de pagamentos de dividendos extraordinários da estatal, Hungria deixa claro: “com o petróleo [Brent] na casa dos US$ 70 o barril, a gente enxerga um yield na casa dos 10% de pagamento dos ordinários e não espera extraordinários. Se vier, seria um adicional, mas não estamos apostando nisso”.

Ele explica que essa perspectiva poderia mudar caso o barril do Brent atingisse os US$ 80. “A gente tem que lembrar que a Petrobras tem uma política de pagamento de dividendo que leva em conta uma dívida bruta de US$ 75 bilhões e ela está perto desse nível”. 

Isso representa uma alavancagem de 1,4 vez dívida líquida sobre Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) — essa métrica é usada para avaliar a capacidade de uma empresa de pagar as dívidas com base nos lucros gerados pelas operações.

Segundo Hungria, não se trata de um nível preocupante, mas tira o espaço para o pagamento de dividendos extraordinários. Mesmo assim, o analista considera que um yield que pode ficar na casa dos 10% de ordinários não é nada mal. 

Henriques concorda e acrescenta que não dá para comparar com os pagamentos feitos entre 2021 e 2022, por exemplo. São momentos diferentes. 

Naquele período, a Petrobras fez uma série de desinvestimentos — ou seja, vendeu ativos. Isso otimizou o balanço financeiro da companhia, com maior geração de caixa. Agora a situação mudou. 

“Esse é o novo normal da petroleira, considerando o petróleo nesses níveis atuais”, afirma.

Isso não significa que a estatal não seja uma boa aposta nesse sentido. Mas, para os analistas é preciso que a petroleira faça parte de uma carteira diversificada.

“Seria um erro colocar Petrobras na carteira pensando em um retorno na casa dos 30%”, diz Hungria.

As pagadoras de dividendos e a Selic em 15%

O ano começou com boas notícias para as vacas leiteiras da bolsa de valores, com o maior pagamento de proventos para um primeiro trimestre desde 2022. Entre janeiro e março de 2025 foram distribuídos quase R$ 100 bilhões aos acionistas.

O número surpreende porque não dá para esquecer que a taxa básica de juros também está batendo seu recorde particular, aos 15% ao ano — no maior nível em quase duas décadas. Em patamares tão elevados, a tendência é de que a Selic ‘esfrie’ o pagamento de dividendos por parte das empresas.

Isso porque a taxa de juros influencia diretamente o custo de capital e a rentabilidade das companhias. Quando a Selic está alta, as empresas enfrentam custos mais elevados para se financiar e isso pode reduzir os lucros disponíveis para uma distribuição aos acionistas na forma de dividendos.

Sobre isso, Henriques explica: “se você olhar para 2018, por exemplo, as empresas eram mais alavancadas do que atualmente. Hoje os juros impactam menos [o pagamento de dividendos] do que no passado porque houve uma redução das dívidas nos balanços das empresas”.

Nesse sentido, ele afirma que, neste momento, a geração de caixa das companhias — apesar de estar nominalmente menor em comparação com alguns anos atrás — acaba sendo mais voltada para a recompra de ações e pagamento de proventos.

Na visão de Hungria, outro fator importante que tem favorecido o pagamento de proventos apesar da Selic é o crescimento forte do Produto Interno Bruto (PIB), que influenciou nos bons resultados apresentados pelas empresas nesta última safra de balanços.

“Acho que a ideia aqui é se os juros tivessem mais baixos, talvez esses esses resultados distribuídos seriam ainda maiores”, disse Hungria no painel que foi ao ar na última quarta-feira (2) no canal do YouTube do Seu Dinheiro.

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