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Entrou água no chope da BRF (BRFS3)e da Marfrig (MRFG3), que esperavam ver os acionistas votarem sua união na próxima segunda-feira (14).
Em decisão tomada nesta sexta-feira (11), a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) decidiu adiar novamente a assembleia da BRF, que estava marcada para segunda, às 9h, após pedido de acionistas minoritários. A assembleia já havia sido adiada anteriormente, de 18 de junho para 14 de julho.
Os diretores do órgão concordaram com o parecer dos técnicos da CVM de que a BRF ainda não apresentou as informações necessárias para que os acionistas tomem sua decisão sobre a união das companhias.
Quem primeiro interveio na união das gigantes dos alimentos foi um membro da família Fontana, herdeiros do fundador da Sadia, e a gestora Latache. Agora, foi a vez da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
A transação tem sido alvo de críticas por parte de investidores que contestam o cálculo apresentado pelas empresas. A proposta de união prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig, numa relação de troca de 0,8521 ação MRFG3 para cada papel BRFS3.
A proposta também oferece o direito de retirada aos acionistas, permitindo que aqueles que não concordarem com a operação solicitem o reembolso de suas ações — mas sem direito aos dividendos polpudos embutidos na fusão.
O Seu Dinheiro entrou em contato com BRF, Marfrig e Previ, mas ainda não teve resposta.
Os responsáveis pelo ‘break’
Nesta semana, a Previ, maior fundo de pensão do Brasil e detentora de cerca de 4,93% da BRF, acionou a Justiça com um pedido para suspender a votação.
O recurso foi aberto em conjunto com Alex Fontana, membro da família fundadora da Sadia, que possui em torno de 0,11% das ações BRFS3.
Os acionistas entraram com um pedido de arbitragem para contestar a relação de troca proposta pelas companhias e com um agravo de instrumento na Justiça, solicitando uma liminar que adiantasse os efeitos do julgamento, de acordo com o site da Globo Rural.
Trata-se da segunda tentativa dos minoritários de suspenderem as AGEs de fusão.
A primeira investida aconteceu no mês passado, quando a gestora Latache e o membro da família Fontana criticaram os termos da fusão e a transparência do processo.
Os questionamentos levaram a CVM, a xerife do mercado de capitais brasileiro, a determinar pelo adiamento das assembleias.
A autarquia também requereu o envio de informações adicionais pelos comitês independentes das empresas para garantir que os minoritários tivessem todos os dados necessários para avaliar a proposta.
Porém, no entendimento da Previ e de Alex Fontana, a BRF não teria cumprido a determinação da CVM, ao entregar documentos com dados suprimidos e com trechos “integralmente tarjados”.
O pedido dos acionistas era pela suspensão da AGE da BRF e da Marfrig até que todas as informações exigidas pela CVM fossem efetivamente divulgadas.
Os acionistas questionam como os comitês independentes chegaram à relação de troca, que favoreceria os interesses da controladora, e ainda lançam dúvidas sobre a independência dos colegiados. Você confere aqui os questionamentos na íntegra.
Minerva (BEEF3) também pisa no calo da fusão
Os minoritários da BRF não são os únicos a questionarem a união com a Marfrig. A rival Minerva (BEEF3) também continua a pisar no calo da fusão, agora, com um recurso no Cade contra a operação.
A empresa pede ao Cade uma revisão da análise feita no início de junho. Na época, o regulador aprovou, sem restrições, a combinação de negócios e avaliou que não haveria riscos de um eventual exercício de poder de mercado com a fusão entre os dois players do mercado de proteínas.
A Minerva, porém, alega que a aprovação do negócio desconsidera impactos relevantes à concorrência e criaria uma concentração excessiva no mercado de produtos processados, além de ampliar o poder de compra da futura MBRF.
A empresa também acendeu o alerta para um possível conflito de interesses envolvendo o fundo soberano da Arábia Saudita, o Salic, que detém 24,5% de participação na própria Minerva. Com a fusão, o fundo passaria a ter também 10,6% da nova MBRF.
O receio da Minerva é que conselheiros indicados pelo fundo poderiam facilitar a troca de informações estratégicas entre as companhias, enfraquecendo a rivalidade no setor.
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