
Publicado em
19/08/2025 às 18:50
Ao menos 40 trabalhadores da Taurus, em São Leopoldo (RS), foram colocados em férias coletivas no começo de agosto após as exportações para os Estados Unidos serem atingidas pela tarifa de 50% aplicada a produtos brasileiros.
A medida vale inicialmente por 15 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período, e envolve a linha que monta armas de longo alcance destinadas ao mercado norte-americano.
Sindicatos foram chamados para negociar alternativas e acompanhar o cenário.
Tarifa de 50% e efeito imediato na produção
O tarifaço foi oficializado por ordem executiva assinada em 30 de julho de 2025, somando 40% adicionais à alíquota de 10% anunciada anteriormente.
A nova taxação entrou em vigor em 6 de agosto.
O governo dos EUA justificou a medida como resposta de política comercial, ampliando o custo de entrada de bens brasileiros no país.
Para empresas com forte dependência do mercado americano, como a Taurus, a nova carga tributária pressiona margens e contratos, encarecendo o produto final.
O que muda na fábrica de São Leopoldo
A decisão da Taurus atinge a área responsável pela montagem de armas longas, produzidas para a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) — empresa do mesmo grupo — com destino aos clientes nos EUA.
O afastamento temporário foi adotado como ajuste de curto prazo enquanto a companhia reavalia pedidos, estoques e prazos de entrega.
A possibilidade de estender as férias coletivas permanece na mesa, condicionada à recuperação do fluxo de exportações ou à adoção de medidas compensatórias.
Dependência do mercado dos EUA
A planta de São Leopoldo emprega cerca de 2,7 mil pessoas e direciona aproximadamente 80% de sua produção ao mercado norte-americano.
Segundo a direção, a nova alíquota de 50% “praticamente inviabiliza” o envio de determinados itens.
Esse é o motivo do ajuste de capacidade adotado neste início de mês.
A empresa afirma manter diálogo com representantes dos trabalhadores para mitigar impactos e preservar postos enquanto equaciona o calendário de vendas.
Reflexos em Montenegro e na arrecadação local
Em Montenegro (RS), a unidade da CBC comunicou às autoridades municipais que pode adotar férias coletivas caso a retração das exportações persista.
A planta emprega 473 funcionários e, em 2024, exportou cerca de R$ 250 milhões para os Estados Unidos.
A fábrica figura entre as principais geradoras de retorno de ICMS no município.
Um recuo prolongado nas vendas externas tende a reduzir a atividade e a arrecadação local, com reflexo direto na cadeia de fornecedores.
Estratégias para atravessar o período
Além de ajustes operacionais no Brasil, a Taurus tem apontado a planta nos EUA como peça-chave para reduzir o impacto tarifário.
Há deslocamento pontual de montagem para o território norte-americano.
O movimento ganhou força após a primeira rodada de sobretaxas anunciada no primeiro semestre, quando a companhia também reforçou estoques no mercado de destino para garantir entregas por um período determinado.
A empresa afirma acompanhar a evolução do quadro e manterá a produção calibrada à demanda efetiva.


Negociações e medidas de compensação
No âmbito estadual, a fabricante negocia a antecipação de créditos de ICMS como forma de reforçar o caixa enquanto as exportações permanecem comprimidas.
A medida, se validada pelo governo do Rio Grande do Sul, funcionaria como ponte financeira até a normalização parcial dos embarques.
Paralelamente, a companhia e entidades setoriais buscam interlocução com autoridades federais para avaliar instrumentos de apoio diante do choque tarifário externo.
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