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Investidores sacam R$ 38 bilhões de fundos no ano, e perdem a oportunidade de uma rentabilidade de até 35,8% em uma classe

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Nem mesmo os juros nas alturas foram capazes de segurar o fluxo positivo da indústria de fundos — via fundos de renda fixa —, no primeiro semestre deste ano. A captação da classe de ativos caiu três vezes em relação ao mesmo período do ano anterior, e a fraqueza não permitiu reverter o saldo negativo entre janeiro e junho. 

Com isso, a indústria de fundos terminou o primeiro semestre com um resgate de R$ 37,8 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgados nesta terça-feira (8). 

Quando se olha para as diferentes classes, a queda no apetite por fundos foi generalizada. 

A captação dos fundos de renda fixa caiu de R$ 199,6 bilhões nos primeiros seis meses de 2024 para R$ 59,4 bilhões neste ano. 

Outros fundos que fortaleceram o saldo positivo de R$ 190 bilhões no ano passado também não seguraram as pontas neste ano. 

Caso dos Fundos de Investimentos em Direito Creditório (FIDCs), que diminuíram de um saldo positivo de R$ 31,4 bilhões para R$ 20,8 bilhões em 2025, e dos Fundos de Investimento em Participações (FIPs), que saíram de R$ 14 bilhões no ano anterior para R$ 9,9 bilhões. 

Com isso, os resgates dos fundos de renda variável pesaram mais na conta. 

Os multimercados mantiveram o mesmo nível de sangria e registraram o maior volume de resgate: R$ 78,9 bilhões, praticamente estável em relação aos resgates de R$ 80,8 bilhões do mesmo período de 2024. 

Já os fundos de ações reverteram um saldo positivo de R$ 8,1 bilhões de 2024 para um resgate de R$ 43,6 bilhões neste ano. 

Até mesmo a previdência privada entrou na dança da saída, com resgates de R$ 9,6 bilhões nos primeiros seis meses do ano, frente à captação de R$ 19,7 bilhões no ano anterior — ainda que concentrada 90% em um fundo específico.  

Fundos não captam, mas rendem 

Pedro Rudge, diretor da Anbima, afirmou que tem dificuldade em entender o comportamento errático da indústria neste ano.

Captações e resgates variaram mês a mês, sem apresentar um padrão específico que ajudasse a identificar um problema ou dificuldade da indústria. 

“Essa oscilação grande torna difícil ter uma visão clara sobre o que está acontecendo e o que poderia explicar um mês ter saldo positivo e o outro negativo. Se é difícil entender o que aconteceu no passado, é mais difícil ainda antever o que poderá acontecer nos próximos meses”, disse Rudge. 

Se por um lado o diretor acredita que os juros básicos altos — atualmente na faixa de 15% ao ano — afastam investidores de fundos de ações e multimercados, essa rentabilidade não tem mais sido um chamariz para os fundos de renda fixa também. 

Entretanto, foram justamente os multimercados e os fundos de renda fixa que brilharam nos primeiros seis meses do ano quando se olha para a rentabilidade. 

Retorno dos fundos multimercados entre janeiro e junho de 2025: 

  • Multimercado long and short neutro: +12,6% 
  • IHFA (Índice de Hedge Funds Anbima): +8,4%
  • Multimercado capital protegido: +8% 
  • Multimercado dinâmico: 6,5%
  • Multimercado investimentos no exterior: 3,8% 

Segundo Rudge, os resgates continuam intensos nos multimercados por causa da competitividade com títulos de renda fixa, que oferecem boa rentabilidade em uma aplicação mais conservadora. 

O diretor, entretanto, acredita que a classe irá se recuperar no futuro, com mais experiência e robustez. 

“É uma classe muito interessante para o investidor, porque tem o mandato mais flexível da indústria de fundos. São estratégias que permitem se expor a tudo. Apesar da redução nesses últimos anos, não é uma classe que vai desaparecer”, disse Rudge. 

Já os fundos de ações — que também foram muito penalizados nos últimos anos e apresentam o menor percentual de exposição do investidor em 20 anos — conseguiram uma performance ainda melhor que os multimercados. 

Na esteira da valorização de 15,4% do Ibovespa entre janeiro e junho, os fundos setoriais conseguiram dobrar os ganhos do benchmark. 

Retorno dos fundos de ações entre janeiro e junho de 2025: 

  • Ações setoriais: +35,8% 
  • Ações sustentabilidade/governança: +25,2%
  • Ibovespa: +15,4%
  • Ações investimentos no exterior: +13,8%
  • Mono ação: -4,1%

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