A prévia da inflação oficial no Brasil voltou a desacelerar em junho. Mais conhecido como IPCA-15, o índice passou de +0,36% no mês passado para +0,26% agora.
No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 desacelerou de 5,40% em maio para 5,27% em junho.
Em ambos os casos, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um resultado um pouco melhor do que se esperava.
Projeções para o índice apontavam para altas de 0,30% na leitura mensal e de 5,31% no acumulado em 12 meses.
Boas surpresas
Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, observou boas surpresas para baixo no IPCA-15 de junho, especialmente nos núcleos de inflação.
A desaceleração foi disseminada por quase todo o índice e atenuou o impacto da alta da energia elétrica.
“OLHA O AUMENTO!”… “FOI REVOGADO!”
Embora a desaceleração seja uma boa notícia e já esteja levando diversos economistas a revisarem suas projeções para o IPCA dos próximos meses, a expectativa é de que a inflação chegue ao fim de 2025 bem longe do ideal.
“Ainda devemos encerrar o ano com a inflação acima do teto da meta, mais próxima de 5%, com o Banco Central mantendo a política monetária em terreno contracionista durante todo o ano”, disse André Valério, economista sênior do banco Inter.
Taxa de juros é a arma do BC para controlar a inflação
Não parece ser por falta de esforço do Banco Central (BC), presidido por Gabriel Galípolo, que a inflação não volta à meta.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 15% ao ano.
A alta dos juros surpreendeu uma parte do mercado para a qual os 14,75% ao ano seriam suficientemente restritivos para reancorar as expectativas de inflação.
No entanto, o Copom não só subiu a Selic como avisou que a taxa permanecerá em 15% por um bom tempo, provavelmente até o início do ano que vem.
Vigora desde o início do ano no Brasil um regime de meta contínua de inflação.
Ao invés de ser perseguida anualmente, como antes, o BC agora tem o compromisso mensal de buscar uma meta de inflação de 3% no acumulado em 12 meses.
Embora disponha de uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos (o que coloca o piso em 1,5% e o teto em 4,5%), o alvo do Copom é o centro da meta.
A meta de 3% foi estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e é válida para os anos de 2025, 2026 e 2027.
As projeções do BC para o IPCA
No entanto, a julgar pelas informações divulgadas pelo próprio Banco Central na manhã desta quinta-feira (27), a inflação vai continuar acima da meta por todo o atual horizonte de projeções da autoridade monetária.
De acordo com a mais recente edição do Relatório de Política Monetária (RPM), sucessor do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o IPCA deve fechar 2025 a 4,9%.
O retorno à margem de tolerância da meta deve ocorrer no primeiro trimestre do ano que vem.
A expectativa do BC é de que a inflação continue desacelerando pelos próximos anos, chegando perto, mas sem atingir o centro da meta, caindo para 3,6% no fim de 2026 e para 3,2% no fechamento de 2027.
De qualquer modo, o Banco Central ainda não perdeu totalmente a esperança de que o IPCA regresse para a margem de tolerância da meta ainda em 2025.
Segundo a autarquia, a chance de estouro do teto da meta este ano diminuiu de 70% para 68%.
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