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Tarifas de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros reacendem tensões comerciais e exigem cautela do governo e do Banco Central. (Imagem REUTERS/Dado Ruvic/Imagem ilustrativa)
O mês de julho começou com novos tensionamentos no âmbito comercial. O anúncio de uma nova rodada de tarifas para diversos países, com destaque para o Brasil, não era inesperado.
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Contudo, a aplicação de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros sob uma justificativa política da medida inaugurou um novo campo de possibilidades na guerra comercial, que deixou de estar restrita a questões comerciais ou temas que diretamente afetam a economia americana.
Em meio a tantas incertezas e dado o histórico de idas e vindas na aplicação de tarifas, faz sentido a cautela em antecipar os impactos das medidas recentes. Desde já, no entanto, os analistas procuram estimar potenciais efeitos nas esferas políticas e econômicas. Para se ter uma ideia dos impactos econômicos, o primeiro esforço é entender se a medida será permanente, suavizada ou mesmo retirada.
De um lado, a pressão tarifária sobre o Brasil se mostrou parte de uma nova rodada ampla de tarifas sobre diferentes economias importantes, como Canadá, Sudeste Asiático, Japão, Coreia do Sul, etc. Ao ser parte de um contexto mais amplo, as chances de que a aplicação das medidas seja revista ou postergada parecem ser maiores.
Por outro lado, a justificativa política das medidas impostas sobre o Brasil reduz as chances de uma redução das tensões no curto prazo. A narrativa do conflito será uma oportunidade política para o governo garantir apoio e melhorar a popularidade. Como é improvável que alguma das demandas políticas feitas pelos EUA sejam atendidas, isoladamente é difícil que as tensões com o Brasil percam força rapidamente.
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Diante da possibilidade de uma permanência das tarifas em nível próximo ao anunciado, o mercado tenta antecipar os impactos econômicos que eventualmente se seguiriam.
Os EUA, embora importantes, não dominam a pauta de exportação brasileira. Correspondem hoje a cerca de 12% das exportações, representando menos da metade do volume exportado para a China, por exemplo, mas próximo da Europa. Mesmo assim, a representatividade no PIB brasileiro é próxima de 2% apenas.
Entre os principais produtos, destacam-se algumas commodities como petróleo, ferro e aço, e alguns produtos agropecuários, como café, carnes e suco de laranja. Estes produtos, por serem commodities, tem mais facilidade de encontrarem outros mercados consumidores diante da menor demanda americana após a aplicação das tarifas. Além disso, a reação da demanda desses produtos ao aumento de preços é menor que produtos manufaturados.
Neste sentido, as estimativas de impacto sobre o PIB têm se concentrado em número abaixo de 0,5 p.p., já levando em consideração efeitos secundários da aplicação das tarifas sobre as condições financeiras e confiança, mas sem contar com uma retaliação tarifária significativa. Neste caso, os impactos sobre preço de insumos e bens sobre a cadeia de produção local poderá ser mais relevante.
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Mas faz pouco sentido o Brasil adotar retaliações tarifárias significativas neste momento. Elas imporiam um custo muito pequeno para os EUA ao passo que poderiam causar prejuízos maiores para a economia local, particularmente pressionando a inflação e postergando ainda mais a redução dos juros. A saída, antes de possíveis não-tarifárias, deve ser diplomática, principalmente tentando sensibilizar os compradores americanos a defender um recuo nas medidas junto à Casa Branca.
Enquanto a situação não ganha contornos mais bem definidos, o cenário impõe cautela para as respostas de política. Seja na reação do governo ou do Banco Central. Após ter sinalizado juros estáveis por bastante tempo, o BC não tem incentivos de sinalizar intenções de mudanças de rumo nem agora, nem mesmo logo após a efetivação das tarifas, caso se concretize.
O cenário volátil exigirá um acompanhamento dos reais efeitos sobre as variáveis macroeconômicas antes de demanda alguma reação mais clara.
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