Pular para o conteúdo

O papel do Brasil no cenário global das criptomoedas e do blockchain

Continua após a publicidade




Com marco regulatório em vigor, expansão do Drex e uso crescente de blockchain em diversos setores, Brasil consolida papel estratégico no ecossistema digital. (Imagem: designs de Fernando Cortes/ Canva Pro)

O Brasil vive um momento decisivo na construção de seu protagonismo no ecossistema global de criptoativos e blockchain. Em meio ao avanço da digitalização financeira, o país começa a se destacar não apenas pelo tamanho do seu mercado, mas pelo amadurecimento das discussões regulatórias e pela adoção crescente da tecnologia em setores públicos e privados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um marco recente foi a criação do Observatório Nacional de Blockchain, lançado em 2024 pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. A proposta é acompanhar o uso e o desenvolvimento dessa tecnologia em serviços governamentais e políticas públicas, aproximando o Brasil de práticas adotadas por países líderes em inovação pública digital.

O uso de blockchain em governos, como acontece na Estônia, com identidades digitais, ou nos Emirados Árabes, com registros imobiliários, tem mostrado ganhos significativos de eficiência, segurança e transparência. O observatório brasileiro segue essa lógica: buscar evidências e dados para fomentar o uso responsável e estratégico do blockchain.

No setor privado, o cenário também é dinâmico. Segundo levantamento da Chainalysis de 2023, o Brasil figura entre os dez países com maior adoção de criptoativos no mundo. A combinação entre uma população digitalizada, inflação historicamente elevada e busca por novas formas de investimento impulsionou o crescimento do mercado local. De acordo com dados mais recentes da ABcripto, mais de 9 milhões de brasileiros possuem criptoativos, com um volume diário médio de R$ 23 bilhões transacionados.

Além disso, empresas de logística, agronegócio, energia e saúde já utilizam blockchain para rastreabilidade, contratos inteligentes e validação de dados indicando que seu uso vai muito além das criptomoedas. O mercado de tokenização também se expandiu: só em 2024, mais de R$ 1,3 bilhão em ativos do mundo real foram tokenizados, com crescimento de 300% em plataformas de crowdfunding com tokens, conforme dados da CVM e da própria ABcripto.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas é no campo regulatório que talvez estejam os movimentos mais estruturantes. A aprovação da Lei 14.478/2022, que estabeleceu o Marco Legal dos Criptoativos, foi o ponto de partida para uma trajetória mais clara e estável do setor no Brasil. A partir de 2023, o Banco Central passou a assumir a supervisão dos prestadores de serviços de ativos virtuais (PSAVs), enquanto a CVM avançou com normas específicas para ofertas públicas tokenizadas e fundos com exposição a criptoativos.

Em 2025, o Banco Central abriu consultas públicas para regulamentar temas como segregação patrimonial, regras cambiais e diretrizes operacionais para empresas do setor. Esses debates são essenciais para garantir um ambiente regulatório que promova tanto a inovação quanto a proteção do consumidor.

O avanço regulatório brasileiro se destaca também em comparação com outros países. Enquanto os Estados Unidos enfrentam disputas jurídicas em torno da classificação dos ativos digitais, e a União Europeia ainda implementa os marcos do MiCA (Markets in Crypto-Assets), países como Singapura e Hong Kong adotam políticas pró-inovação com sandboxes regulatórios e autorização para testes controlados.

Já no Brasil, além do marco legal em vigor e das ações do Banco Central e da CVM, o país conta com um diálogo ativo entre mercado e reguladores, o que tem sido decisivo para criar segurança jurídica e fomentar investimentos. A título de comparação: entre 2019 e 2023, o Brasil tokenizou cerca de R$ 1 bilhão em ativos. Apenas em 2023, o valor foi de R$ 542 milhões, e em 2024, o montante superou R$ 1,3 bilhão, o que demonstra o salto de maturidade do setor.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um exemplo claro dessa maturidade é o desenvolvimento do Drex, a moeda digital do Banco Central, que passou para a Fase 3 de testes. Após simular 13 casos de uso em 2024 — incluindo tokenização de ativos, liquidação de títulos públicos e garantias reais — o BC anunciou na Febraban Tech que a nova etapa do piloto se concentrará na utilização do Drex como garantia em operações de crédito. A expectativa é que o uso do Drex torne essas operações mais rápidas, seguras e acessíveis.

O relatório final da Fase 2 deve ser divulgado ainda em julho, consolidando aprendizados sobre interoperabilidade, privacidade e conformidade regulatória. Ao lado de iniciativas como o Pix e o Open Finance, o Drex forma uma infraestrutura digital robusta que reposiciona o Brasil como referência na digitalização do sistema financeiro.

  • SAIBA MAIS: Receba uma carteira diversificada com recomendações de ativos para buscar gerar renda passiva apurada pela Empiricus Research; veja como

O desafio brasileiro é construir uma trajetória robusta, equilibrando inovação, inclusão financeira e estabilidade. A vantagem é que, por ser um mercado emergente com forte adesão digital e estrutura regulatória em construção, o país experimenta soluções novas com agilidade e responsabilidade. E esse ambiente está sendo cada vez mais reforçado por dados e ações concretas: o volume negociado em criptoativos em 2024 superou R$ 440 bilhões no Brasil, e os investidores ativos mensalmente já passam de 5,8 milhões, conforme apuração da Receita Federal.

A construção desse ambiente não é tarefa apenas do Estado. O setor privado, associações e sociedade têm papel central na geração de conhecimento, na educação financeira da população e no desenvolvimento de soluções alinhadas à realidade brasileira.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A ABcripto tem promovido ações de autorregulação desde 2020, programas de capacitação técnica como o Certificação em Ativos Virtuais (CEAV), campanhas de segurança digital como o Contra-Golpe, além de uma agenda ativa junto a órgãos reguladores, universidades e entidades internacionais. Também foi protagonista em contribuições às consultas públicas do Banco Central e da CVM, e firmou acordos institucionais relevantes com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Coimbra Business School.

O caminho está sendo pavimentado. O blockchain — enquanto infraestrutura digital baseada em confiança e descentralização — tende a ser uma das engrenagens centrais da economia nos próximos anos. O Brasil, com sua diversidade de casos de uso, crescimento de mercado e interlocução constante entre agentes públicos e privados, tem potencial real de se firmar como uma das referências globais nessa nova fase da transformação digital.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Saiba tudo sobre Negócios

Continua após a publicidade



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *