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Short squezze em BB (BBSA3)? ‘Gasolina tem, falta a faísca’; os fatores que podem fazer ação disparar, segundo analistas

TickerNomeShort Interest (#)Short Interest (R$ mi)Short Interest (%)Days to Cover
BBAS3Banco do Brasil235.559.7135.176,818,30%7,08
BBDC4Bradesco PN268.427.0354.390,125,30%8,26
ITUB4Itaú Unibanco PN260.958.8519.572,874,90%13,22
SANB11Santander Unit16.017.984471,874,30%7,51
BPAC11BTG Pactual Unit42.321.2141.736,064,10%6,32
BBDC3Bradesco ON31.335.167437,462,10%3,30
ITUB3Itaú Unibanco ON4.557.943148,291,00%8,89
BRBI11BR Partners Unit342.2125,260,70%2,05
SANB4Santander PN478.3827,370,10%7,46

Short Interest (#): quantidade de ações vendidas a descoberto
Short Interest (R$ mi): valor monetário das posições short em milhões de reais
Short Interest (%): percentual das ações em circulação que estão alugadas para venda a descoberto.
Days to Cover: número de dias necessários para cobrir as posições short com base no volume médio diário negociado.

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A Legacy Capital foi uma das gestoras que mantiveram posição vendida (short) nas ações e que projeta uma forte redução no pagamento de dividendos, que podem cair pela metade ou mais.

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Segundo a gestora, que administra R$ 15 bilhões, o aumento das provisões deve pressionar os lucros e comprometer a distribuição, o que enfraquece a tese de investimento baseada em dividendos elevados, crescimento e reprecificação das ações.

Short squezze

Tamanho pessimismo e quantidade de ações vendidas fez alguns analistas, como JPMorgan e XP, levantar a possibilidade de um short squezze.

Esse fenômeno do mercado acontece quando uma ação que tem muitos investidores que apostam na sua queda (vendidos, ou “short”) começa a subir rápido e inesperadamente.

A alta força quem estava vendido a cobrir suas posições, ou seja, comprar as ações no mercado para zerar a aposta.

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Como todos tentam comprar ao mesmo tempo, o preço sobe ainda mais, alimentando um ciclo de alta artificial e acelerada.

Apesar de aventarem essa possibilidade, tanto o JP quanto a XP acham difícil que isso ocorra. Ambas as casas preferiram manter a cautela com o papel.

Em busca de respostas, o Money Times ouviu gestores e analistas de mercados para entender qual a possibilidade disso acontecer.

Combustível tem; falta a faísca

Como dito, as apostas contra o BB cresceram nas últimas semanas à medida que as expectativas pioraram. Por outro lado, quando a projeção é muito baixa, isso abre espaço para mais surpresas.

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Otavio Araújo, consultor sênior da Zero Markets Brasil, lembra que para ocorrer um short squezze, seria necessário algum elemento que mudasse, de forma rápida e significativa, o sentimento do mercado.

“O volume atual de posições vendidas cria o “combustível” para esse movimento, mas é preciso uma faísca”, diz.

Em sua visão, se o banco apresentar resultado do trimestre significativamente acima do consenso, com lucros maiores, inadimplência controlada, provisões menores do que o esperado e até avanço nas margens, pode se gerar surpresas positivas.

“Mais do que “menos pior”, seria preciso um resultado visivelmente acima do projetado”.

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Uma revisão positiva do guidance, com sinalização da diretoria indicando retomada nos lucros, melhora da carteira ou aumento esperado de dividendos também pode aquecer as compras.

Ademais, se o banco mostrar que conseguiu resolver problemas no agro, com estratégias para mitigar riscos, isso ajuda a virar a chave do pessimismo dominante.

“Por outro lado, apenas um resultado “ok”, sem grandes surpresas, provavelmente não seria suficiente. O mercado está muito cético, e só um choque claro e positivo pode fazer quem está vendido correr atrás das ações para limitar prejuízos, levando ao short squezze”, pondera.

Na visão de Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, há sim espaço para um eventual short squezze .

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Para ele, a fagulha viria dos resultados — como inadimplência menor, melhora no ROE, retomada do guidance com mensagens construtivas ou até mesmo uma manutenção do payout acima do que o mercado passou a precificar.

“Dado o nível atual de estresse e desconto no valuation, qualquer sinal de que o pior já passou tende a ser um gatilho relevante”.

Já Pedro Galdi, analista do AGF, diz que um ponto que gera muita dúvida é o fato de que a nova safra 25/26 começará a ser financiada a partir de julho de 2025. A depender de como a dinâmica do Plano Safra evoluiu, o BB pode melhorar a inadimplência no agro. 

“Para aqueles que não renegociarem sua situação junto ao BB, é impossível obter novos recursos e, mesmo que busque recursos com cooperativas de crédito, por exemplo, quem vai aceitar emprestar recursos com um inadimplente do Banco do Brasil? Se ao longo do segundo trimestre tiver ocorrido um maior número de contratos normalizados, pode melhorar sim [os resultados]”.

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Eleições no radar

Antonio Martins, analista de bancos da Kinea, levanta ainda mais um fator de virada de chave: as eleições de 2026.

“Se o mercado se animar com algum candidato de direita, seja Tarcisio de Freitas [governador de São Paulo], seja algum outro, quem está vendido no papel, recompraria”.

Esse ponto, inclusive, foi citado pelo JPMorgan e XP em seus relatórios.

Pesquisas indicam que o presidente Lula terá trabalho para se reeleger nas próximas eleições. O presidente vive queda de popularidade e dificuldades em pesquisas eleitorais, apesar de ter recuperado as perdas nas últimas semanas.

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“Não se deve atribuir exclusivamente aos resultados [o aumento de posições shorts], apesar de, sim, eles estarem em declínio”, destaca o gestor Fernando Camargo Luiz, sócio da Garoa Wealth Management.

Isso, segundo ele, pode refletir preocupações com o cenário político, riscos de intervenção estatal, percepção de que os lucros estão no pico e rotação para bancos privados;

Para o gestor, qualquer sinal de menor interferência política ou aumento de guidance também pode desencadear um short squezze.

“Tendo em vista o resultado do primeiro trimestre e a situação do agro este ano, isto é bem improvável. A probabilidade maior é de um segundo trimestre bem fraco, na linha do primeiro”.

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Pode cair mais?

Se por um lado, o BB poderia fazer um belo estrago na vida dos vendidos, por outro analisas não descartam novas quedas.

No ano, a ação já acumula perdas de 20%, negociada a R$ 20, o menor patamar em dois anos. 

Até o momento, dados do Banco Central indicam números fracos para o BB, com a piora da inadimplência no agro ainda no centro das preocupações de investidores.

“Apesar de o Banco do Brasil negociar com múltiplos descontados — como P/L (preço sobre o lucro) próximo de 4x e P/VP (preço sobre o valor patrimonial) abaixo de 1x — não é necessariamente uma barganha”, destaca Mateus Nascimento, analista da Oby Capital.

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Em sua visão, esses níveis refletem, na prática, o prêmio de risco que o mercado atribui à companhia frente aos seus pares privados.

“Se os resultados continuarem aquém do consenso, há sim espaço para uma nova rodada de reprecificação”, coloca.

Martins, da Kinea, diz ainda que a própria administração da companhia está ‘batendo cabeça’, o que indica sinais nada bons.

“Cada vez que você conversa com o time do Banco do Brasil, piora um pouco a sensação do banco, eles não têm conseguido passar nenhuma mensagem minimamente positiva ainda, até porque a visibilidade deles é baixa, mas todos os dados que eles vão recebendo têm vindo piores do que o esperado”.

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“Então, tenho dificuldade de acreditar que eles podem surpreender, acho que está mais para decepcionar”.

Dividendos em risco? 

Outro temor para o BB são os seus dividendos. Parte de analistas dizem que será difícil para a empresa manter a parte do lucro reservado ao acionista, hoje na faixa de 40% a 45%. 

Chamado de payout, a cifra já vinha com uma mudança em relação a 2024.

Em relatório, o JPMorgan escreveu que a atual faixa pode se tornar insustentável, considerando tanto o crescimento da carteira quanto a pressão sobre o capital.

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O Itaú BBA também diminuiu as projeções de dividendos, com dividend yield estimado em 6%, abaixo dos níveis recentes, e expectativa de payout de 30%, contra a faixa de 40-45% do guidance oficial do BB.

“Quando o banco reportar o segundo trimestre, provavelmente ele vai cortar o payout basicamente porque tem uma série de problemas de capital. O dividend yield esperado vai cair muito, para algo perto de 6%”, diz Martins da Kinea

O número, lembra o analista, é abaixo do que ele sempre pagou. “Normalmente, o dividend yield era mais para 10%. E menor do que os bancos privados, que estão pagando de 7% a 8%”.

Oportunidade em Banco do Brasil?

A queda do BB também levantou uma dúvida entre os investidores: é hora de comprar um banco que, por muitos trimestres, foi considerado uma das melhores ações da Bolsa?

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No entanto, relatório do JPMorgan joga água fria nessa tese. Os analistas são diretos: problemas de qualidade dos ativos — especialmente na carteira rural — costumam demorar para serem resolvidos. Ou seja, apostar agora em uma recuperação pode ser arriscado.

Mesmo assim, analistas consultados pela reportagem dizem que a premissa é relativa, já que vai depender do prazo que investidor olha (curto, médio ou longo) e quanto a sua carteira pode tomar desaforo.

“Em momentos de pessimismo exagerado, investidores atentos e com visão de longo prazo podem encontrar oportunidades interessantes, desde que estejam confortáveis com tempo de espera e volatilidade”, afirma Araújo, da Zero Markets Brasil. 

Quando o mercado exagera no medo, recorda, é comum que o preço da ação fique até abaixo do valor intrínseco do banco.

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“Se o BB conseguir resolver parte dos problemas ou se o próximo ciclo econômico for favorável, os ganhos podem ser grandes”.

Apesar disso, um alerta: é preciso ter paciência.  Bancos grandes normalmente se recuperam, mas o timing do mercado demora, e novas incertezas podem trazer mais volatilidade até lá.

Na bolsa, Bradesco e Santander são os casos mais conhecidos.

“É banco barato sobre o preço do valor patrimonial. Pode voltar a entrar em rota positiva. O que me preocupa é que quando o banco entra em uma rota negativa, costuma demorar para se acertar. Cerca de 1 a 2 anos”, calcula o analista Kinea.

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E dados os problemas de capital do banco, afirma, “tenho dificuldade de saber qual o nível normalizado de rentabilidade de ROE nesse banco no futuro”.

“A situação do agro vai se normalizar? Vai e poderia resolver boa parte dos problemas do banco, mas existem outros problemas que tornam a tarefa ainda mais difícil de saber qual o nível de valor patrimonial”.

Chinchila, analista da Terra Investimentos, defende, no entanto, que o atual patamar de preços representa uma oportunidade atrativa para investidores com foco em valor e capacidade de absorver volatilidade no curto prazo.

“O banco continua gerando lucro relevante, com ROE projetado ainda acima de 15% em 12 meses, e mantém fundamentos sólidos: boa capitalização, estrutura de colaterais robusta e presença relevante em linhas resilientes, como crédito PJ e imobiliário”.

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Ele diz que a precificação atual não condiz com a qualidade da instituição e sua capacidade histórica de adaptação a ciclos adversos.

“Para quem investe com foco em dividendos e valorização futura, esse momento pode ser de entrada ou reforço”.

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