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Analistas financeiros, corretores e desenvolvedores estão entre as profissões mais afetadas pela IA, aponta OIT

IA e emprego

Globalmente, um em cada quatro trabalhadores está em uma ocupação com alguma exposição à Inteligência Artificial Generativa (GenAI), aponta estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK).

O levantamento revela ainda que a exposição das ocupações à IA aumenta de acordo com a renda dos países, variando de 11% do emprego total em países de baixa renda para 34% em países de alta renda.

Além disso, segundo a OIT, há distorções de gênero no que se refere ao risco de transformação da força de trabalho pela adoção da IA: as mulheres têm quase o dobro de chances de serem afetadas em comparação com os homens (4,7% e 2,4%, respectivamente).

Em países de alta renda, os empregos com maior risco de automação representam 9,6% do emprego feminino — em contraste com os 3,5% entre os homens.

Os autores do estudo destacam, entretanto, que o efeito da GenAI tende mais a transformar os empregos do que eliminá-los.

O estudo elaborou um modelo de classificação por categorias com base na exposição crescente à IA Generativa (GenAI), além de uma categoria para ocupações não impactadas pela tecnologia:

  1. Gradiente 4 (Maior exposição, baixa variabilidade de tarefas): Ocupações com alta e consistente exposição à GenAI; a maioria das tarefas tem alto potencial de automação, com pouca variação entre elas.
  2. Gradiente 3 (Exposição significativa, alta variabilidade de tarefas): ocupações com exposição acima da média; algumas tarefas ainda têm baixa exposição, mas o potencial geral de automação está crescendo.
  3. Gradiente 2 (Exposição moderada, alta variabilidade de tarefas): Ocupações com exposição moderada e grande variação entre as tarefas — algumas estão expostas à GenAI, outras não, o que gera impactos desiguais.
  4. Gradiente 1 (Baixa exposição, alta variabilidade de tarefas): Ocupações com baixa exposição geral, mas algumas tarefas específicas apresentam alto potencial de automação.
  5. Exposição mínima (Baixa exposição, variabilidade moderada): Ocupações com baixa exposição geral; algumas tarefas têm potencial moderado de automação, mas o impacto total é limitado.
  6. Não expostas: Ocupações em que a maioria das tarefas não é afetada pela GenAI; a variabilidade entre tarefas é baixa e a média de exposição permanece estável e baixa.

É fundamental ressaltar que o relatório mede a exposição potencial, não o impacto real no emprego

Barreiras como infraestrutura, habilidades digitais, custo e aceitação social podem limitar a adoção plena da tecnologia, segundo os autores do estudo.

Empregos administrativos estão mais expostos à IA Generativa

De acordo com o estudo, os empregos administrativos são os mais expostos às transformações advindas da adoção da IA Generativa. Essa exposição se deve à capacidade teórica da GenAI de automatizar muitas de suas tarefas. 

No entanto, as capacidades crescentes da IA também elevam a exposição de ocupações cognitivas altamente digitalizadas, como as das áreas de mídia, software e finanças.

Entre as profissões classificadas no gradiente 4 (maior exposição), figuram

  • Analistas financeiros
  • Corretores e negociantes de valores mobiliários e finanças
  • Funcionários de estatística, finanças e seguros
  • Funcionários de folha de pagamento
  • Vendedores de centrais de atendimento
  • Desenvolvedores web e multimídia

Algumas das ocupações com baixa exposição (gradiente 1) às transformações ensejadas pela adoção da IA Generativa são:

  • Especialistas em métodos de educação
  • Psicólogos
  • Fotógrafos
  • Físicos e Astrônomos
  • Atendentes de lojas
  • Gerentes de hotel

Entre ocupações cujas tarefas permanecem relativamente inalteradas pela GenAI (não expostas), estão:

  • Gerentes de política e planejamento
  • Engenheiros mecânicos
  • Legisladores
  • Juízes
  • Trabalhadores em culturas agrícolas
  • Trabalhadores da construção civil

Diálogo entre setores para um futuro do trabalho digital mais justo 

Para usufruir dos benefícios da IA Generativa (GenAI), o estudo ressalta a importância de complementar a experiência humana com as novas tecnologias para transformar as ocupações e agregar valor — em vez de apenas substituir o trabalho.

O relatório conclama governos, empregadores e organizações de trabalhadores a promoverem o diálogo social e a construírem estratégias proativas e inclusivas, que aumentem a produtividade e a qualidade dos empregos, especialmente nos setores mais expostos à IA Generativa.

“É fácil se perder no hype da IA. O que precisamos é de clareza e contexto. Esta ferramenta ajuda países de todo o mundo a avaliarem a exposição potencial e prepararem seus mercados de trabalho para um futuro digital mais justo,” afirmou Janine Berg, economista sênior da OIT e um dos autores do estudo.

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