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Nem a Chanel escapou: lucro cai com a crise do luxo, mas preços (ainda) não devem ser afetados

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A Chanel não precisa prestar contas com acionistas, porque é uma empresa de capital fechado, pertencente aos irmãos bilionários franceses Alain e Gerard Wertheimer. Ainda assim, seus resultados financeiros têm grande relevância, porque denunciam o status do mercado. 

E, se a marca francesa está dando um sinal, é de que nem mesmo uma gigante centenária está imune à crise do luxo.

O lucro operacional da companhia caiu 30% em 2024, em comparação com o ano anterior, atingindo US$ 4,48 bilhões (R$ 25,4 bilhões).

Isso é explicado por dois fatores majoritários: a Chanel teve que fazer investimentos pesados em marketing para se manter relevante em um contexto delicado para a indústria; e as vendas caíram especialmente na China e região, que são responsáveis por metade da receita da marca. 

A CEO, Leena Nair, explicou à Bloomberg que a empresa francesa foi duramente afetada pela volatilidade macroeconômica do ano passado. Por outro lado, ela reforçou que a Chanel teve três anos consecutivos de crescimento estrondoso entre 2021 e 2023, nos quais a receita quase dobrou.

É importante notar que, entre 2019 e 2023, o setor de luxo como um todo foi atravessou boa fase e cresceu 5% por ano, segundo pesquisa do Business of Fashion (BoF) em parceria com a consultoria McKinsey & Company.

APROXIMAÇÃO COM A EUROPA

Mas a desaceleração da economia chinesa fez com que a Chanel e as demais gigantes da indústria, como os conglomerados LVMH e Kering, enfrentassem “maus bocados” nos últimos meses. 

E os desafios não param de chegar no caminho da maison francesa, já que a guerra comercial de Donald Trump afetará diretamente as manufaturas europeias.

O que esperar dos preços da Chanel, pós-Trump

A taxação proposta pelo republicano está em pausa no atual momento para a maioria dos países. No entanto, o grupo de Bernard Arnault, a Hermès e o grupo Richemont (dono da Cartier) já anunciaram aumento no preço de alguns itens nos Estados Unidos

A Chanel decidiu esperar mais um tempo para decidir a nova estratégia de precificação — se é que haverá alguma mudança. 

“Nós achamos que a melhor e mais responsável postura para o momento é esperar para saber qual será a decisão final. É muito cedo para decidir agora, em um período de incerteza”, declarou o CFO, Philippe Blondiaux

No ano passado, a marca francesa aumentou os preços em 3% para acompanhar a inflação. A alta dos preços do ouro também pode encarecer o segmento de joalheria da empresa, anunciou o executivo. 

Os desafios da Chanel após mudança na direção criativa

A performance insatisfatória da marca de Coco Chanel também tem raízes em fatores que vão além da economia.

No ano passado, a saída da designer Virginie Viard causou uma certa turbulência, como costuma acontecer toda vez que uma diretora criativa abandona o posto. O substituto, Mathieu Blazy, ainda está em período de “teste” e vai assinar a primeira coleção na Semana de Moda de Paris em outubro. 

A CEO da Chanel, no entanto, já avisou: “não estamos focando em outubro. Vamos olhar para as coleções dos próximos anos, porque sabemos que uma visão toma tempo para se consolidar”. 

Somado a isso, é esperado que os consumidores fiquem mais reticentes para compra nesse período de transição de direção criativa. 

Quais são os planos da Chanel?

Mesmo diante de uma queda do lucro operacional, a maison francesa não vai deixar os investimentos de lado, principalmente na expansão de lojas físicas. 

O CFO Philippe Blondiaux revelou que a Chanel pretende abrir 48 novas lojas este ano. A maioria será nos EUA e na China, mas há planos também para o México, a Índia e o Canadá. Desse número, apenas seis serão lojas de moda e bolsas, o carro-chefe. As outras, serão focadas no segmento de beleza e perfumaria. 

No ano passado, a empresa desembolsou US$ 600 milhões (R$ 3,4 bilhões) só em edifícios em Paris, para consolidar sua presença na luxuosa Avenue Montaigne e na tradicional rue Cambon, onde Gabrielle Chanel deu os primeiros passos da maison. Uma futura flagship em Nova York também já está no pipeline.

A previsão é que os investimentos mantenham-se na casa de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,2 bilhões) em 2025, o mesmo patamar do ano anterior. 

A empresa também vai investir em cadeias de suprimentos, através da compra de participação em um fornecedor de seda na França e em um fabricante de jóias na Itália.

* Com informações da Reuters e da Bloomberg.

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